quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vivendo e Desaprendendo!!

"Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais.


Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar. Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da palavra "gude". Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude. Gude era gude. Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito. Hoje não sei mais que jeito é esse...


Eu sabia a fórmula de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e muita confusão na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais...


A gente começava a contar depois de ver um relâmpago. e multiplicando dois números, dava a distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos números...


E espremendo-se a mão entre o braço e o corpo, claro, tinha-se o chamado trombone axilar, que muito perturbava os mais velhos. Não consigo mais tirar o mesmo som. É verdade que não tenho tentado com muito empenho, ainda mais com o país na situação em que está. 


Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua. Com prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro instinto.Hoje o mesmo feito requereria complicados cálculos de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa.


 Outra habilidade perdida...


Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e desaprendendo."




"Interneteando" por aí, ou melhor "twittando" pela "net", acabei encontrando um tesouro escondido. Textos curtos, simples e verdadeiros, capazes de nos fazer pensar, ou melhor repensar as coisas da nossa vida. São de Luiz Fernando Veríssimo.


É... este descrito nos revela a verdade sobre envelhecermos... vamos nos esquecendo do que, quando crianças, fazíamos com tanto talento. Este é o resultado da correria. Queremos sempre mais... mais dinheiro, mais trabalho, mais "status", mais poder, mais cargo... e claro, menos divertimento e menos alegria das ingenuidades de ser criança.


E tem muita gente acredita que ser criança é uma ofensa. Isso é algo que deve ser cultivado dentro de cada um, e certamente seríamos mais felizes.


Mas voltemos aos assunto principal do texto... desaprendemos, com o tempo a sermos felizes, ingênuos... tudo isso por causa da tecnologia implantada no nosso dia-a-dia. Desaprendemos a cultivar as mais belas e simples coisas da vida, se é que podemos assim chamar... não, acho melhor chamarmos de prazeres da vida.


Fica aqui o meu recado de hoje!! Palmas ao Luiz Fernando Veríssimo!!





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