terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Pavoroso Exame do Toque


Estou meio sem inspiração para escrever algo de minha autoria, por isso resolvi postar um texto do Mário Prata, daquele  livro de crônicas que eu comentei no outro dia que eu comprei. O texto fala de exame de toque... aquele para detectar o câncer de próstata. Achei muito engraçado. O texto chama-se: O Dedo





Na terceira semana em que saiu aquela gotinha clara, resolvi tomar providências. Mesmo porque a minha mulher olhava meio de lado. Para a gotinha e para o local de onde saía a gotinha. Lá, no incauto cabisbaixo.

Me lembrei que a minha irmã havia se encontrado com um velho amigo de infância de Lins, o Plínio, num hotel de Salvador. E que o Plínio era hoje um importante urologista em São Paulo.Essas intimidades é melhor com gente conhecida, de confiança, pensei. Ligo para a minha irmã, pego o telefone e marco uma hora. E ele me disse que devia ser uma prostatite, também conhecida como gota matinal, que não me preocupasse, mas que tinha que fazer o toque. Toque, onde? Marcou horário para o sacrifício.

Foi quando me recordei que o Plínio era gordinho na adolescência. Ligo de novo para a minha irmã. Ela confirma, o cara está gordo. E gordo não tem dedo fino, nem mole, conclui.

Ao cumprimentar o velho amigo, fixei-me mais no dedo do que nos olhos. Uns vinte minutos para colocar as novidades em dia. Para relaxar, talvez. E eu não tirava o olho do dedo dele. Bem grosso.

Depois das preliminares, me manda tirar a roupa e ficar de quatro em cima da mesinha. Até aí tudo bem. Ele começou a comentar o encontro dele com a minha irmã em Salvador. Ele estava em lua-de-mel. Convenhamos que lua-de-mel não é um assunto muito apropriado para um momento delicadíssimo como aquele. Me explicava com quem tinha se casado enquanto colocava as luvas e a vaselina.

Pegou uma folha de papel e colocou embaixo de mim, que já estava de quatro havia uns cinco minutos.

- Para que isso, Plínio?

- É que, em alguns casos, quando a gente massageia a próstata, a pessoa pode ejacular.

Sentei.

- Vamos conversar. Você está dizendo que pode me enfiar o dedo no rabo e eu gozar?

- É normal. Mas eu estava te falando da praia do Buraquinho...

- Um momento, Plínio. Todo mundo goza?

- Meio a meio.

- Plínio, se eu gozar, amanhã Lins inteira vai saber disso. Conheço aquela cidade. Vai sujar. Já acharam que artista é meio viado... Cinqüenta por cento é uma porcentagem muito alta.

- E você acha que eu vou sair por aí dizendo que você ejaculou?

- Você, não. Mas no interior todo mundo sabe. Não se sabe como. Melhor deixar para outro dia. Perdi o clima.

- Fica de quatro aí e não enche o saco.

Fiquei. Tenso.

Ele colocou o dedo lá e continuou a falar da lua-de-mel,da praia do Buraquinho. E eu lá, compenetrado. No palavreado médico, meu pênis (que palavra mais pornográfica!) praticamente sumiu, não ejaculei e foi uma luta para o Plínio colher a tal gotinha.

Feitos os exames, o diagnóstico dele estava certíssimo. E voltamos a ser amigos. Mas sempre vestidos, de pé e de frente um para o outro.

E nunca mais falamos da praia do Buraquinho. Que aliás, é uma delícia de praia em Salvador.



Bem... o texto tem algumas palavras não muito "limpas" para o dia-a-dia. Mas mesmo assim, achei o texto engraçado. Pois todos os homens têm pavor de fazer o bendito, ou maldito exame do toque, mesmo sabendo que é necessário.

Abraços!!


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