domingo, 18 de outubro de 2009

Falemos de Flores!!!


Falemos de flores.

O que é uma flor?

Será uma criação vegetal que na primavera se abre do botão de uma planta?

Não: a flor é o tipo da perfeição, é a mais sublime expressão da beleza, é um sorriso cristalizado, é um rai de luz perfumado.

Por isso há muitas espécies de flor.

Há as flores do vale - mimosas criaturas que vivem o espaço de um dia, que se alimentam de orvalho, de luz e de sombras.

Há as flores do céu - as estrelas -, que brilham à noite no seu manto azul, como olhos de uma linda pensativa.

Há as flores do ar - as borboletas -, que têm nas suas asas ligeiras as mais belas cores do prisma.

Há as flores da terra - as mulheres -, rosas perfumadas que ocultam entre as folhas os seus espinhos.

Há as flores dos lábios - os sorrisos -, lindas boninas que ao menos sopro desfolha.

Há as flores do mar - as pérolas -, filhas do oceano que saem do seio das ondas para se aninharem no seio da mulher morena.

Há as flores das poesia - os versos -, às vezes tão cheios de perfumes e de sentimentos como a mais bela flor da primavera.

Há as flores d'alma - os sentimentos -, flores que o coração serve de vaso, e as lágrimas de orvalho.

Há as flores da religião - as preces -, modestas violetas que perfumam a sombra e o retiro.

Há as flores da harmonia - os gorjeios -, que brincam nos lábios mimosos de uma boquinha sedutora.

Há as flores do espírito - os ziguezagues -, que nascem sobre o papel como rosas silvestres e sem cultura.

Há enfim uma espécie de flor que é tão rara como a tulipa negra de Alexandre Dumas, como o cravi azul de Jean-Jacques, como o crisântemo azul de George Sand.

É a flor da vida este sonho dourado, este puro ideal a que todos aspiram e de que tão poucos gozam.

Porque a flor da vida apenas vive um dia, como as rosas da manhã que a brisa da tarde desfolha.

E quando murcha, deixa dentro d'alma os seus perfumes, que são essas recordações queridas que nos sorriem ainda nos últimos tempos da existência.

Para uns, a flor da vida nasce nos lábios de uma mulher; para outros no seio de um amigo.

Feliz do caminhante que à beira do bosque por onde passa, colhe esta florzinha azul, espécie de urze cingida de uma coroa de espinhos.

Muitas vezes, depois de muitas fadigas, quando já se tem as mãos feridas dos espinhos, e que vai colher a flor, ela se desfolha

O vento soprou sobre ela, ou um verme roeu-lhes os estames.

A flor é poesia, mas o fruto é a realidade, é a única verdade da vida.

Enquanto pois os poetas vivem à busca de flores, os homens sérios e graves, os homens práticos, só tratam de colher os frutos.

Eles vêem desabrochar as flores, exalar os seus perfumes, e esperam como o hortelão que chegue o outono e com ele o tempo de colheita.

E na verdade, a flor encerra sempre o germe de um fruto, de um pomo dourado, que outrora perdeu o home, mas que hoje é sua salvação.

(José de Alencar, no livro "Ao Correr da Pena", pág. 468 a 471)




Flores! Texto escolhido para comemorar o nascimento das minhas flores, plantadas há uma semana. Estou fazendo um mini e belo jardim em minha casa. Além das flores já floridas, neste final de semana começaram a brotar as mais novas integrantes do meu jardim. Vai demorar um pouco, mas logo estarão enchendo nossos olhos de alegria ao acordar, quando abrimos a janela do quarto e nos deparamos com as criaturas mais belas que Deus já criou.



Bom final de Domingo e Boa Semana a todos!


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