terça-feira, 13 de abril de 2010

Vizinhos

"Você escolhe, até certo ponto, os amigos que quer ter e as pessoas com quem quer viver, mas não escolhe as pessoas mais importantes da sua vida. As pessoas que condicionam sua existência e seus humores: seus pais e seus vizinhos. Ninguém escolhe a família que quer nascer - ou seja, a forma do seu nariz e da sua herança - nem, salvo raras exceções, os vizinhos que vão rodeá-lo.

E um vizinho pode ser a sua salvação. Não só metafórica, fornecendo gelo que acabou ou açúcar que faltou, mas a sério, chamando a polícia na hora do assalto, arrastando você do incêndio e fazendo respiração boca a boca, completando a parceria do buraco, etc.

E um vizinho também pode ser a sua perdição. Pode reforçar ou acabar com a sua fé na humanidade, resgatar você da solidão e do desespero ou fazer você perder o sono, a razão e finalmente o controle e transformá-lo em um assassino raivoso. Todo homem é ele e a sua vizinhança. E se é verdade que o maior mistério e desafio do homem é sempre o outro, então o vizinho é o outro na versão radical. É o outro do lado.

Bons vizinhos, maus vizinhos, vizinhos esquisitos... Carlos e Luiza, um dia, tomaram coragem e bateram na porta do seu vizinho esquisito, o dos três cachorros. Não era por nada, mas será que ele podia baixar um pouco a música? Todos os dias, o dia inteiro, a mesma música, no mesmo volume. Não apenas música, mas ópera. E não apenas ópera, mas ópera de Wagner. Se desse para baixar um pouquinho...

O vizinho esquisito explicou que, se dependesse de, baixava. Não gostava muito de ópera, muito menos de Wagner. Mas quem ouvia não era ele, mas Kaiser, se pastor-alemão. O Kaiser exigia ópera, e naquele volume. E ai se não fosse Wagner."

(...)
(Luis Fernando Veríssimo)





Este texto de Luis Fernando Veríssimo foi somente para ilustrar ou iniciar meu desabafo em relação a vizinhos.

Vizinhos são ótimos! Mas no quarteirão de baixo. E aqui onde moro é uma comédia...

Quando me mudei para cá, ao lado da minha residência (ao lado, neste caso, é encostado... literalmente) existia um mercado. Muito bom o mercado, com dono e funcionários super simpáticos e produtos de boa qualidade e com preço muito bom. Achei ótimo! Realmente é muito bom ter um mercado próximo da sua casa, para eventualidades... tem pão quentinho... você sabe quando está tranqüilo... dentre outras vantagens.

Tranqüilidade? Impossível! Fora a movimentação diária de pessoas e o lixo que ficava em frente a minha casa, não havia um dia sequer que a gente não precisasse brigar com fornecedores e clientes folgados estacionados frente a minha casa, ou melhor, frente a minha garagem. Além da espera para retirarem o veículo do local, escutávamos reclamações constantes... Nesta época, éramos felizes e não sabíamos.

O tempo passou, e graças ao bom Deus, o dono do mercado resolveu se mudar para o quarteirão de baixo. Ótimo!

Mas o que acontece, é que ao lado desse mercado há uma sorveteria onde uma galera se reúne aos finais de semana para beber uma cervejinha. Nada contra... também gosto. Mas precisa  liga o som no último volume sempre? Não dava nem para ouvir TV dentro da minha casa. O bom é que conseguimos resolver com uma simples conversa e ameaça (básica) em chamar a polícia.

Melhorou? Um pouco! Mas isso é sinal de que pode piorar. "Quando a esmola é demais, o santo desconfia".

Dito e feito! Depois alguns meses de tranqüilidade em relação do mercado, o proprietário do imóvel (antigo dono do mercado, aquele... muito simpático) decide alugar o "barracão" para uma igreja evangélica - Igreja Mundial do Reino de Deus (que fique bem claro que eu não tenho nada contra igrejas, somente com o transtorno que elas causam).

Os pastores e fiéis desta igreja pensam que Deus é surdo! Não é possível! Ou eles mesmo são surdos, porque se eu não consigo suportar o barulho dentro da minha casa, imaginem os fiéis dentro da igreja. E o pior: tem culto de segunda, quarta, sexta e sábado a noite e domingo de manhã. Além do barulho insuportável, carros parados em frente às garagens e crianças correndo e sacudindo o portão da minha casa (porque elas não aguentam ficar dentro da igreja... vai ver é por causa do barulho).

Não dá!

É por essas e outra que eu preciso muito encontrar um outro local para morar. Preciso encontrar um lugar muito bacana para ser meu "lar doce lar". Realmente vizinhos a gente não escolhe... e quando você pensa que está ruim, pode ter a certeza de que vai piorar e muito!

Até mais!


3 comentários:

  1. Nossa!!! Este tema me interessa... e muito!!!
    Sou moradora de um sobrado geminado (atenção: geminado = gêmeo; muitos acham que o sobrado é germinado... rsrsrs - bom, mas isso é assunto pra outro post!)
    Pois bem. Morar num sobrado geminado é o mesmo que morar num apartamento que não tem vizinhos em cima ou embaixo, mas a casa ao lado é literalmente a continuidade da sua casa...
    Assim que me mudei, iniciei a reforma da casa (e isso durou apenas 2 anos e meio...rsrs)
    Meus vizinhos passam cerca de 6 meses no Brasil e 6 meses na Europa. Isso deveria ser sensacional! Mas o fato é que nos 6 meses que eles passam aqui, nossa vida vira do avesso!
    Eles têm hábitos bem diferentes: dormem até o meio-dia (são aposentados), almoçam às 4 da tarde, jantam à meia-noite, vão dormir às 2 da manhã. isso significa dizer que neste tempo que ficam acordados, ficam no quarto conversando (ou brigando mesmo, em alto e bom som).
    Acontece que quando eu estava em reforma, meu pedreiro só podia iniciar ruídos mais fortes a partir das 10h, porque meu querido vizinho veio inúmeras vezes pedir para que assim fosse, pois o "melhor sono" deles é o período entre 7 e 9 da manhã...Pode?
    Nós até obedecemos, mas as reclamações eram constantes. Reclamavam do barulho "fora de hora", da poeira, de tudo!
    Nem preciso dizer que chegamos a brigar e que não nos falamos há 2 anos, né?
    E há um outro detalhe: a frente da casa deles tem apenas 3 m, mas o carro deles tem 4m; ou seja: como não cabe na garagem, fica na rua, ocupando cerca de meio metro da frente dos vizinhos... Um saco!
    Teria mil histórias pra contar, mas deixo pra um outro dia... hahahaha

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  2. Acredito que todo mundo tem uma história de vizinho pra contar.
    Onde eu morava (fundos da casa da minha mãe), não havia muito o que reclamar. A vizinha do lado direito é um amor, já do lado esquerdo, é um terreno cujo dono mora ao lado tb. O problema é que ele tem um viveiro de passarinho que fica encostado bem onde era o nosso quarto, e vez ou outra os passarinhos ficavam bicando a parede, sem contar às vezes de madrugada algum gatinho ia passear por lá, vixe.. aí virava um alvoroço. Ahh e também quando a faxineira da minha mãe lavava a calçada, ele ficava lá olhando pra ver se ela não ia jogar 'sujeira' em frente da casa dele. Na frente, agora parou, mas teve época que o cara ficava com som alto até altas horas. Mais pro meio do quarteirão, tem uma família que vira e mexe tá brigando. Fora isso... todos os vizinhos são bem tranquilos.
    Onde eu moro agora, é apto, ainda não peguei 'amizade' com os vizinhos, só conversei uma ou duas vezes com a vizinha da frente que tem 2 meninas pequenas que de vez em qdo inventam de brincar ali no hall e é uma gritaria só. Do lado dessa tem um casalsinho jovem que tem um cachorrinho (poodle) e do meu lado, por enqto ainda não mora ninguém..
    Ahhh esqueci de falar que de frente ao meu bloco, tem um bar. Esse sim, às vezes enche o saco, principalmente de final de semana, reúne-se uma turminha abrem o porta-malas de um carro e ligam o som lá nas alturas...
    Infelizmente a gente só descobre essas coisas depois que se muda.
    E assim vai...

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  3. E muita gente tem medo de seus vizinhos...rsrss Quando criei uma comunidade no Orkut que fala sobre vizinhos chatos, muita gente não quis entrar pois ficou com medo que o vizinho soubesse e se vingasse! Já pensou? rsrsrs

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Pessoal, estou aberta a qualquer comentário que queiram fazer... opinar, criticar, sugerir... aguardo!

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